Quando se fala em avaliação de empresas, é comum que os empresários foquem apenas nos resultados financeiros. Mas há um fator que vem ganhando cada vez mais peso na decisão de investidores: a governança.
Por melhores que sejam os números apresentados, uma empresa sem políticas claras de governança – como regras de gestão, processos decisórios bem definidos, controles internos e planos de sucessão – perde valor. Isso acontece porque, sem governança, há um aumento significativo da percepção de risco. E risco mais alto, naturalmente, leva a um valuation mais baixo.
Dito isso, vamos ao que os investidores de fato analisam. Os KPIs – indicadores-chave de desempenho – são as ferramentas fundamentais para medir o valor potencial de um negócio. Eles mostram, com dados objetivos, como a empresa se comporta financeiramente, operacionalmente e estrategicamente. Entre os principais KPIs que compõem uma análise de valuation, destacam-se:
Receita e crescimento
Investidores buscam negócios que geram receita de forma consistente e que tenham potencial de crescimento no mercado. A análise do histórico e da projeção de faturamento ajuda a entender se a empresa está em expansão ou estagnada.
EBITDA e margem EBITDA
O EBITDA é um indicador que revela o lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Ele mostra a capacidade da empresa de gerar resultado com sua atividade principal, sem interferência de fatores financeiros ou contábeis. Já a margem EBITDA indica o grau de eficiência da operação.
Fluxo de caixa livre
Mais do que o lucro contábil, o que interessa ao investidor é o dinheiro que efetivamente sobra no caixa. O fluxo de caixa livre mostra quanto a empresa gera após todos os custos operacionais e investimentos necessários para manter o negócio.
Rentabilidade (ROE e ROIC)
O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) indicam se a empresa está gerando valor sobre os recursos que recebeu dos sócios ou financiadores. Rentabilidade acima do custo de capital é um excelente sinal de desempenho.
Nível de endividamento
Ter dívida não é um problema por si só. O que importa é o equilíbrio entre o que se deve e a capacidade de pagamento. Empresas com alavancagem controlada e boa gestão financeira são mais bem avaliadas.
Indicadores operacionais e de mercado
Além dos financeiros, há KPIs específicos conforme o setor. Por exemplo: Custo de Aquisição de Clientes (CAC), Lifetime Value (LTV), taxa de retenção, churn, tíquete médio e participação de mercado. Eles ajudam a entender a eficiência comercial e a competitividade da empresa.
Múltiplos de mercado
Indicadores como EV/EBITDA (Valor da Firma sobre EBITDA) e P/L (Preço sobre Lucro) ajudam a posicionar a empresa frente a seus concorrentes. Eles são muito usados como referência em negociações.
É fundamental lembrar: todos esses indicadores só fazem sentido se forem confiáveis. E é aí que a governança volta ao centro da conversa. Empresas com controles frágeis, decisões centralizadas demais ou informações pouco auditáveis tendem a perder atratividade, mesmo apresentando bons números.
Por isso, ao se preparar para uma avaliação ou para uma eventual venda, comece organizando a casa. Implante processos de governança, documente decisões, formalize contratos, profissionalize a gestão. A confiança do mercado começa na estrutura interna da empresa.
A valorização de um negócio depende de resultados, sim. Mas depende, antes de tudo, de credibilidade.