Por Gustavo Vannucchi
Fim de ano, é hora de refletir sobre o que está por vir. Alguém se habilita? Não é fácil. Mesmo assim temos que tentar prever.
Poucas vezes aqui na Grow pudemos notar tamanha demanda reprimida da parte de investidores de pequeno porte. Parece que estão todos relutantemente prontos para tomar a decisão de adquirir ou iniciar um negócio. Para entender isso vamos observar alguns números:
2018 – um ano pra deixar pra trás.
Este foi um ano para deixar pra trás e tentar esquecer. Greve dos caminhoneiros, copa do mundo e eleições foram momentos que paralisaram o país e a sensação é de que todos estão precisando de uma folga, como o período de festas de fim de ano para esfriar a cabeça e começar de novo.
Me lembro das manifestações populares contra o aumento das passagens de ônibus que obrigou parte do comércio de quase toda cidade do Brasil a fechar as portas por dias seguidos. Houve também as manifestações contra a corrupção, panelaços. Claro, os desdobramentos da Lava Jato, impeachment e outros relevantes mexeram com as expectativas de bagunçaram a mente de todos.
Ao mesmo tempo foi o ano em que mais novas empresas surgiram, segundo o SERASA. Foram mais de 1.2 milhão de novos registros de empresas criados somente nos seis primeiros meses de 2018. O que os números mostram para olhos mais experientes não é bom. 80% dessas empresas são MEIs. Essa informação e uma observação sobre os setores nos primeiros lugar se traduzem em Empreendedorismo por Necessidade.
Como fatores podemos observar o desemprego e as mudanças na CLT que encorajou muitos empregadores e convencer colaboradores a deixar a segurança da carteira de trabalho para trás e abrir uma MEI.
5 anos que criaram um buraco na economia.
Olhando um pouco mais pra trás, vamos perceber que, empolgados pela economia sólida da década anterior, muitos empreendedores investiram em novos negócios nos anos de 2014 a 2016. Com o péssimo desempenho da economia muitos desses negócios não aguentaram e já fecharam as portas.
Neste gráfico vemos reflexos do bom desempenho da economia até 2011, talvez ainda até 2013 quando a crise tomou conta de tudo. Vale a pena observar que o PIB de 2018 de 3% não aconteceu e devemos fechar o ano em 1,3% se tivermos sorte.
Com isso muitas empresas com endividamento e histórico recente de perda de receitas e queda nos lucros só encontrou caminho na desistência ou na tentativa de repassar o empreendimento para pessoas com capital disponível e espírito empreendedor.
2019 é o ano das oportunidades.
Com esses anos ruins passados, muitos dos negócios que não tinham chance de crescer já encerraram suas atividades o que deu folga e perspectiva para os negócios mais sólidos e inovadores retomarem o crescimento. Além disso, mesmo que o ano ainda não projete grande aquecimento, deverá assumir uma tendência de melhora para que em 2020 volte a crescer de forma menos acentuada mas mais firme.
O empreendedor deve lembrar que há ótimas oportunidades de empresas à venda por motivos que às vezes são esquecidos. Nem sempre um empresário toma a decisão de alienar seu negócio porquê está indo mal. Questões pessoais e familiares são muito frequentes. Mudanças no quadro societário, casamentos, saúde e outras oportunidades são motivos muito comuns para a venda de empresas que frequentemente são saudáveis.
A falta de capital de giro também mascara bons negócios. Muitos empreendedores analisam o fluxo de caixa reportado pela empresa sem observar que o resultado negativo se dá por falta de recurso financeiro que compromete a lucratividade com custos financeiros, endividamentos e outros. Se olhar com mais cuidados verá que o negócio muitas vezes é lucrativo e que o déficit de caixa poderá deixar de existir com capital financeiro e empreendedor dos novos proprietários.
As oportunidades em 2019 então estão na aquisição de negócios cujo motivo da venda seja principalmente pela falta de capital de giro ou então por questões pessoais. Maus negócios estão à venda no mercado e acabam por depreciar os bons pela percepção do empreendedor não muito atendo.
Em poucas palavras, muitos dos negócios ruins já fecharam as portas e muitos dos negócios à venda são boas oportunidades à espera de um empreendedor com visão de mercado. Aproveite esse ano para “comprar na baixa”, invista e valorize-o. O retorno virá em menos tempo que espera se tomar a decisão certa.